O termo arquitetura (da palavra grega αρχιτεκτονική, pronunciado architektonike) se originou a partir de αρχιτέκτων (arquitectu), "empreiteiro", e também, a partir da combinação de αρχι- (arqui-), "chefe" ou "líder" com τέκτων (tekton), um "construtor" ou "carpinteiro". A arquitetura, como profissão, é atualmente, a atividade de concepção e planejamento da construção de edifícios e outras estruturas e espaços, que visam principalmente, servir às necessidades humanas.
Muito se fala na influência da arquitetura sobre a qualidade de vida de seus moradores ou de qualquer pessoa que dela faça uso. Eu nunca pude admitir a arquitetura funcional versus a arquitetura estética, sendo uma ou outra mais ou menos importantes, nem independentes ou solitárias na criação de qualquer espaço a ser ocupado por uma pessoa.
A “Arquitetura Digital” aqui não é a da era da informática, mas sim, estou falando das marcas que cada um apresenta, única e singulares em seu dedo polegar. É a individualidade que torna a concepção de um espaço adequado a quem irá ocupá-lo. O arquiteto tem que ser o profissional preparado para descobrir esta particularidade e, assim, responder adequadamente com seu ferramental, tornando tal espaço pleno no atendimento a todas as necessidades desses seus futuros ocupantes.
Como garantir que meu projeto seja um “plano perfeito” e, esteja tão correto que me permita assumir tranquilamente este compromisso, seja perante uma criança, uma senhora idosa, um casal de jovens recém-casados, uma empregada doméstica, um porteiro ou qualquer outro que irá utilizar um espaço por mim projetado - sem eu ter levado em consideração quem realmente será este usuário final?
“Que somente se façam empreendimentos com projetos elaborados depois de vendidas todas as suas unidades, e se conheçam antecipadamente, todos os seus futuros ocupantes”. Utopia? Impossível? Talvez sim... Talvez não... Será que não existe alguma maneira que nos permita projetar sabendo exatamente para quem?
Foi este um dos principais motivos que me levaram em 1980, a procurar na Arquitetura de Interiores, o contato direto com os clientes e a liberdade de criação, tanto na concepção artística, como, principalmente, na inexistência de normas técnicas e códigos de leis e decretos rígidos e restritivos, além das naturais convenções, propostas pela sociedade e ambiente em que se está inserido. O foco de minha posição hoje, é propor o estudo das consequências da concepção de projetos de edifícios condominiais e de espaços urbanos na vida das pessoas. Paralelamente, obter, através dos maus exemplos já construídos, as lições a serem aprendidas de forma a evitar suas reincidências.
Pouco se fala dos efeitos de uma má arquitetura e de um projeto urbanístico na grande maioria das vezes equivocado. Nesses casos, os profissionais acreditam que levam em consideração seus usuários, mas, na verdade, pautam-se no que seria melhor para a maioria – e essa abordagem significa, por si só, o não atendimento das necessidades de muitos. Os resultados possíveis desse processo são, entre outros, os efeitos nocivos à saúde e à qualidade de vida do morador. Um espaço criado de forma desqualificada pode transformar atividades agradáveis em rotinas irritantes e estressantes. Pode alterar nosso humor sem que saibamos a causa, pode prejudicar em muito a nossa saúde, e ainda, em longos períodos de desconforto extremo, causar nossa morte.
Dizer que um projeto de um imóvel não é qualificado pode ser até leviano de minha parte, pois não tenho como levar em consideração quesitos importantes, e avaliar razões diversas tais como, custos, tempo, riscos, tecnologia disponível, mercado, etc. Porém, é necessário primeiro, responsabilizar quem elabora e quem tem a obrigação de fiscalizar um projeto de um “edifício lamentável”. É comum se encontrarem unidades residenciais extremamente carentes, mas muito bem maquiadas comercialmente, gerando estímulos irresistíveis que focam apenas o que se quer mostrar.
Esta “sociedade enganada” precisa se tornar mais consciente e exigente, através de veículos de informações e de exemplos que a faça aprender a repudiar de imediato tais projetos inconseqüentes. Com tantos ganhos em termos de qualidade de vida nas últimas décadas, é esperado que sejam sepultados definitivamente tais projetos, e assim, inicie-se uma nova era na relação entre quem faz para ser vendido e quem compra para ser usado.
Talvez o problema da insegurança que nos atinge como cidadãos possa ser resolvido. Acredito que ele é uma conseqüência de atos inconseqüentes de quem deveria dar exemplos a serem seguidos mas, pelo contrário, apresentam cada vez mais maneiras criativas de como “vender a mãe”, enquanto preparam outro negócio com mais um ente querido, já elaborando as propagandas enganosas destinadas aos próximos otários. Este vírus já disseminado em quase todas as atividades humanas, somente será destruído com a modificação desta mentalidade doentia e egocêntrica, instalada em quem detém este poder.
Plano para a construção de um milhão de casas? Em que levantamentos se baseiam as “autoridades competentes”? Nem estas autoridades, nem os arquitetos, construtores e técnicos de planejamento, têm a menor idéia do que estão fazendo, do tipo de edifício ou condomínio que estão por construir. Os resultados destes projetos, sejam políticos e/ou financeiros, maximizados ao máximo, são prioritários. É aqui que deve entrar em cena, o Gerente de Projetos, pois ele é o profissional capaz de equilibrar os interesses de todos os stakeholderes (envolvidos). Ele é capaz de criar não só os Planos de Custos, Tempo, Riscos, etc., mas, principalmente, um Plano de Comunicação diferenciado, contendo um novo sistema que fizesse com que todos os interessados fossem não só ouvidos (e escutados), mas atendidos em suas reais necessidades.
Se os investidores, incorporadores e empreendedores imobiliários, os arquitetos e construtores, bem como os adquirentes dos imóveis, possuíssem o conhecimento adequado, baseado na observação e exemplos de outras sociedades mais conscientes e experientes, então entenderiam que um edifício multifamiliar não é qualquer imóvel que possa ser resolvido como quem projeta uma loja ou um escritório. Este público não pode ser considerado da mesma forma que outros. Ele não pode somente ser observado como um resultado conjunto de uma pesquisa de opinião local ou de um “estudo de massa”. Ali se viverá. Não se pode errar! Esse tipo de condomínio residencial tem que ser especial, seus espaços devem atender totalmente aos desejos de cada um que ali irá morar e não a um todo generalizado ou a uma “grande parcela da população”.
Gostaria como arquiteto e gerente de projetos de unidades multifamiliares, se assim eu o fosse, de poder oferecer a identificação para aquilo que as pessoas buscam, individualmente, como seus conceitos de realização de vida. A minha felicidade seria poder criar ambientes que garantissem a felicidade constante dos seus moradores. Permitir, com meu trabalho, que as pessoas valorizassem suas próprias vidas diariamente.
Gostaria que as pessoas interagissem com seus ambientes, desfrutando de seus espaços personalizadamente bem planejados e para elas especialmente criados. Que fossem estimuladas de formas diversas pelas soluções, que juntos pudéssemos ter produzido, tornando esta uma arquitetura economicamente viável e também, indiscutivelmente humana, pessoal e digital, a qual considero a proposta mais justa a ser feita para com todos que dela usufruem.
Para mim, o maior dilema da arquitetura, desde sempre, além da eterna relação “homem x espaço”, representa uma conta que “tem que resultar em soma”. Que resulte em “plus” para a real e individual forma de cada um decidir, de acordo com suas concepções, o que vem a ser “a sua qualidade de viver”.
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