quinta-feira, 30 de abril de 2009

A GERÊNCIA HOLÍSTICA




Os irmãos Fung descobriram, na década de 80, que podiam entregar encomendas com custos e preços reduzidos e, ainda muito mais rápido, se dividissem a respectiva produção em várias etapas, cada qual sob a responsabilidade dos respectivos fabricantes, mesmo se estes estivessem espalhados por diferentes países.


Se um cliente lhes encomendasse a produção de 100 mil calças, de certo modelo e com determinadas cores, a companhia escolheria uma empresa para fornecer o fio, outra para tecê-lo e uma terceira para fazer o tingimento. Diferentes fornecedores serão encarregados da produção de zíperes e botões. O corte, a costura e o acabamento serão confiados a outras indústrias. No total, mais de 10 mil fornecedores distribuídos em 40 países. O mais impressionante é que, se o mesmo pedido fosse repetido pouco depois, a Li & Fung fará uma nova seleção de fornecedores.

Criaram assim uma rede de fornecedores impressionante, onde cada um é participante e responsável por sua parte, logisticamente gerenciado através de uma eficiente comunicação entre eles, para que cada um saiba exatamente sobre sua importância dentro do "Projeto-encomenda". Cada encomenda é tida como um PROJETO único e temporário, ou seja, com gerenciamento de escopo, tempo, custo, qualidade e outros processos presentes nas melhores práticas apresentadas pelo Guia PMBoK, Project Management Body of Knowledge, do PMI Project Management Institute, EUA.

Desta forma, a Li & Fung conseguiu, no ano passado, ser responsável por 4% dos volumes de roupas importadas pelos Estados Unidos. O mercado americano consome 70% das exportações da Li & Fung, seguido pela Europa, com 18%. Fantástico não?

Veja o que afirmam os consultores americanos John Hagel e John Seely Brown, num estudo em que analisam o sucesso da empresa: "A Li & Fung consegue orquestrar essa rede complexa e flexível porque detalha as especificações de cada item a ser produzido por parceiro e deixa a decisão de como executar a tarefa por conta de cada um e, ao definir a cor de um produto, por exemplo, não diz como produzir essa cor."

... e deixa a decisão de como executar a tarefa por conta de cada um...

Arriscado? Claro que sim! Porém, riscos são gerenciáveis, como Gerentes de Projetos, nós não aprendemos isso?

A “Administração Holística” tem como base que a empresa não pode ser vista como um conjunto de departamentos que executam atividades isoladas, mas sim como em um conjunto único, com um sistema aberto em continua interação. O que podemos chamar também por Teoria Sistêmica, pois tudo faz parte de um mesmo sistema.

Tendo em vista que, além disso, a abordagem holística também propõe uma integração de conceitos como a valorização da intuição no processo, vejo muitas “características holísticas” no sistema adotado pela Li & Fung. Eu diria que, por um lado, o sistema é globalizado e logísticamente bem estruturado, e por outro, um modelo de sucesso em gerenciamento de projetos, onde cada Encomenda-cliente é tida como um Projeto, único e temporário, com metas e marcos a serem atingidos, de forma a atender não só aos requisitos de milhares de stakeholder-fabricantes, como aos Stakeholders e às necessidades do cliente-master.

Para encerrar este artigo, proponho a leitura do livro “A Profecia Celestina”, de James Redfield e uma reflexão sobre ele.

"A Profecia Celestina" é uma parábola que mostra, através de uma aventura nas selvas Peruanas, a busca pelo mistério da vida e da elevação espiritual. Esta busca se da através da revelação de novevisões que cada ser humano terá sucessivamente para alcançar níveis mais elevados, as quais aqui, me ouso a comentá-las, relacionando-as ao nosso tema de gerenciamento de projetos.

São elas:

1. "A Primeira Visão - Ao nos conscientizarmos da existência da coincidência estamos nos sintonizando com o mistério do princípio fundamental da ordem no universo"

Meu comentário: Faz parte da necessária visão sistêmica e da aceitação de que somos incapazes de gerenciar as incertezas, somente os riscos, através principalmente, de suas probabilidades e impactos.

2. "A Segunda Visão é a consciência de que nossa percepção das misteriosas coincidências da vida é uma ocorrência histórica significativa"

Meu comentário: Faz parte da fase de integração e encerramento, onde podemos além de ”juntar o todo”, aprender com as lições históricas destas ocorrências misteriosas.

3. "Terceira Visão: Quando nos transferimos para uma vibração mais alta, as mensagens tendem a chegar mais rapidamente. Quando usamos nossos dons e habilidades com a intenção correta, as coisas vêm até nós"

Meu comentário: Faz parte da fase dos processos de Recursos Humanos, atentar para dons e habilidades não somente daqueles que as demonstram mas, principalmente daqueles que, dentro da equipe, podem expandir seu potencial ao nível máximo.

4. "A Quarta Visão é a consciência de que os seres humanos, com freqüência, rompem sua ligação interior com essa energia mística. Em decorrência disto, temos tido a tendência de nos sentirmos fracos e inseguros, e com freqüência procuramos nos reerguer sugando a energia de outros seres humanos"

Meu comentário: Faz parte da questão da concorrência cuja solução talvez, esteja na Estratégia do Oceano Azul de W. Chan Kim e Renée Mauborgne, seus autores, e ainda, acredito que esta quarta visão, esteja ligada também aos conflitos que acontecem dentro das equipes e que fazem com que inúmeros projetos fracassem.

5. "A Quinta Visão é a experiência da ligação interior com a energia divina, e como ela expande nossa perspectiva de vida"

Meu comentário: Faz parte do que Gregory Bateson e posteriormente Robert Dilts nos trouxeram com a Teoria dos Níveis Lógicos. É impossível obter-se o equilíbrio se não estivermos alinhados com o ambiente – comportamento – capacidade - crenças e valores – identidade – “o algo mais” que cada um pode acreditar ou não, real ou inexistente, ser externo ou interno, enfim, algo que não sabemos ainda explicar.

6. A Sexta Visão retrata os dramas de controle, ou seja, as artimanhas que podem ser usadas para adquirir energia de outrem. Há o intimidador, o distante, o interrogador e o coitadinho de mim (vítima). São posturas adotadas pelas pessoas, predominando, geralmente, uma dessas sobre as demais. Esses dramas de controle se baseiam no medo - que é energia negativa - e, quando nos conscientizamos do nosso, temos a chance de transformá-lo, combatê-lo, fortalecendo a nossa ligação com a energia interior.

Meu comentário: Faz parte também dos processos de Recursos Humanos e Controle, no que diz respeito ao gerenciamento de conflitos. Tendo a consciência dos personagens e suas respectivas tendências a atitudes, podemos antever situações e, tanto precavê-las, como se for do interesse dos Stakeholders e dos objetivos do projeto, incentivá-las.

7. "A Sétima Visão é a conscientização de que as coincidências têm nos conduzido o tempo todo à realização da nossa missão e à busca da nossa questão vital básica". Devemos entrar na corrente, fazendo o que gostamos, seguindo a intuição.

Meu comentário: Concordo que a intuição pode e deve ser usada como um instrumento a mais na busca de nossos resultados esperados, mas nunca devemos nos esquecer de que existem “ruídos” que atrapalham a recepção e/ou o entendimento desta nossa intuição captada. Além disso, não basta crer, devemos aplicar o PDCA – Plan, Do, Check, Act, (Planejar, Fazer, Checar, Agir...) ou o Método TOTS – Tentar, Operar, Tentar de novo – Sair (caso o resultado do teste seja o esperado).

8. "A Oitava Visão é a consciência de que a maior parte das sincronicidades tem lugar através das mensagens que nos são trazidas por outras pessoas e que uma nova ética espiritual com relação ao semelhante estimula essa sincronicidade.

Meu comentário: temos em nossos corpos cerca de 70% de água certo? A energia gravitacional lunar que impulsiona o aumento e diminuição das marés, não é a causa deste "fenômeno"? Porque nós também não seríamos influenciados por esta e outras energias diferentes advindas de outros focos? Seja a lua ou uma pessoa ao seu lado, algums dos vários potenciais propulsores energéticos existentes no universo, aqueles que podem nos influenciar, nos sincronizar e nos "fazer parte do todo".

9. "A Nona Visão é a consciência de como a evolução se dará se vivermos as outras visões. (...) À medida que a evolução prosseguir, o crescimento sincronístico elevará nossas vibrações ao ponto em que penetraremos na dimensão da vida após a morte, fundindo essa dimensão com a nossa e encerrando o ciclo nascimento/morte".

Meu comentário: Acredite se quiser...

Abraão Dahis



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